mayo 05, 2007

Fito Páez fala do novo disco, filme e interesse pelo Brasil (Ricardo Westin,Brasil)




Cantor e compositor argentino apresenta El Mundo Cabe en una Canción Novo disco prova que Fito Páez continua flertando com o Brasil Ricardo Westin




SÃO PAULO - Fito Páez continua flertando com o Brasil. Em seu último disco, El Mundo Cabe en una Canción, o cantor e compositor argentino separa duas faixas para mostrar que uma dose de sua criatividade se deve a mestres da música brasileira. “Eu desafinava Tom enquanto o sol caía em Ipanema”, canta na música que dá nome ao disco.

Em Sargent Maravilla, na mesma linha, cita Vinicius de Moraes e Chico Buarque. “Quando comecei, minhas canções tinham um ritmo, uma ginga, um sotaque sincopado que a música argentina não tem. Só depois descobri que essa negritude vinha do Brasil”, explicou.

No fim dos anos 80, Fito fez uma espécie de acordo com os Paralamas do Sucesso. Um apresentaria o outro ao país vizinho. Os Paralamas estouraram na Argentina. Fito não teve o mesmo êxito no Brasil, mas seu nome pelo menos ficou conhecido. Mesmo assim, Rodolfo “Fito” Páez, hoje com 44 anos, não desistiu do país vizinho.

Quer trazer a turnê de El Mundo Cabe en una Canción para o Brasil e incluir seu filme ¿De Quién Es el Portaligas? (De quem é a cinta-liga?) - Fito também é cineasta - no Festival de Gramado.

Em março, participou de um show de Daniela Mercury em Natal. “O clima estava divino. A praia, extraordinária. E as mulheres, belíssimas”, contou. “Não vejo rivalidade entre Brasil e Argentina. Isso é coisa do futebol.” Fito Páez falou ao Estado por telefone, de sua casa, em Buenos Aires.

O que este disco tem de novo em relação aos anteriores?

É difícil fazer algo realmente novo depois de tantos anos. As músicas abordam os mesmos temas: os vínculos entre as pessoas e o imaginário no qual crescemos. Existe uma frase muito simpática que diz que “uma soma de erros forma um estilo” (risos). De tanto cometer erros, cheguei a ter meu próprio estilo (risos). As mudanças abruptas de ritmo, por exemplo, são parte da minha personalidade. É uma marca em todos os álbuns. Se neste disco fiz uma boa repetição de mim mesmo, isso já é um grande mérito (risos).

O piano está sempre presente também. Você se considera diferente dos demais roqueiros por ser pianista?

É provável, já que há poucos pianistas no rock em espanhol. Fora Charly García, que é o mestre, não me lembro de outros que ao mesmo tempo componham, cantem e toquem teclado. O piano permite a movimentação por muitos gêneros. Dá uma marca e enriquece a música. Neste disco, você faz várias referências à música brasileira... Nos anos 60, meu pai era um grande ouvinte de Tom Jobim e João Gilberto. Por tabela, era o que eu ouvia na infância. Quando comecei a fazer música, descobri que minhas canções tinham um ritmo, uma ginga, um sotaque sincopado que a música argentina não tem. Só depois descobri que essa negritude vinha do Brasil. É uma sensação africana que vocês brasileiros têm dentro de toda a sua música popular.

O que você tem ouvido da música brasileira atual?

Os últimos discos que ouvi, e que me impactaram muito, foram Cê, de Caetano Veloso, e Carioca, de Chico Buarque. Continuam mantendo a tradição modernista brasileira: Caetano, provocando como sempre; e Chico, com sua estirpe aristocrática.

Os argentinos gostam da música brasileira?

Não me lembro de nenhum músico brasileiro que passou por Buenos Aires sem ter sido tratado bem pela crítica e pelo público. A música brasileira sempre foi muito apreciada, não porque sejamos grandes ouvintes de música, mas porque ela é de fato especialíssima. No Brasil, existe uma dificuldade para aceitar a música em espanhol... Isso acontece principalmente por causa da ignorância das companhias de disco, que acham que a música em espanhol não é negócio. Faz 20 anos que toco no Brasil, e cada vez mais a resistência diminui. Os empresários consideram que o espanhol não é fácil para os brasileiros. Mas eu pergunto: por que o inglês é?

O que chega ao Brasil são Shakira, Ricky Martin, Thalia... Isso não é música latino-americana. É a música que os gringos querem ouvir, é a versão que os gringos fazem do que acontece na América Latina. Além disso, nenhum desses cantores vive na América Latina, nenhum deles nem sequer sabe o que acontece na América Latina (risos).

Você e os Paralamas criaram uma relação produtiva nos anos 80...

Eles aqui tinham a popularidade de um grupo argentino. Eram praticamente argentinos. Você não teve a mesma recepção... Como falávamos, aí a resistência é um pouco mais forte. Como é a relação de vocês hoje? Não temos o contato de antes. Agora tenho de cuidar de filhos e fazer filmes, há um monte de coisas. Mas guardo um carinho muito grande pelos Paralamas.

Como anda sua carreira no cinema?

Meu próximo filme estréia aqui em junho. Eu gostaria muito de ir com ele pelo menos aos festivais de Gramado, do Rio e de São Paulo. Tomara que um dia possa passar nos cinemas do Brasil.

Neste ano haverá eleições na Argentina. O presidente Néstor Kirchner merece um novo mandato?

O ideal é que a cada quatro anos se mude tudo. Mas, depois da decepção que tivemos com as velhas formas de fazer política em nosso continente, creio que certos governos, como o de Kirchner, o de Lula e o de Bachelet, precisam de um período mais, senão não podem sedimentar nada.

Isso vale para Hugo Chávez?

Não. Chávez me lembra os ditadores de outros tempos. Tem um discurso fascistóide. Não me parece apropriado que um político atue de maneiras tão ridículas. E vive fazendo a defesa de Fidel Castro. Como alguém pode defender uma pessoa que está há 40 anos esquentando um trono? Isso não tem defesa.

Você também o reprova pelas críticas ao presidente George W. Bush?

Reprovo. Não me parece que essa seja a forma de demonstrar oposição. Age como macaquinho de feira. Chávez esteve aqui em Buenos Aires, reuniu uma multidão num estádio para falar mal de Bush... uma coisa delirante! Seu discurso deveria ser mais apropriado para o cargo.

Qual é sua posição política?

A minha posição é que haja sempre o melhor para todos. Não me importa se o político é de esquerda, de direita, de centro, de cima, de baixo. Isso tudo está desaparecendo. Por isso Chávez é tão anacrônico nos dias de hoje. Não quero a revolução de nada, quero apenas que estejamos todos bem, que haja bem-estar para a sociedade. Os “ismos” se foram. Cavalheiros, não me venham com discursos (risos).

2 Comments:

Blogger Romano said...

Grata sorpresa descubrir tu blog,,,

saludos,,,

9:51 p.m.  
Blogger marcelo said...

Uma grata surpresa...o Blog é tributo justo a este compositor...
Sigo escutando e acompanhando Fito desde de que fui apresentado a suas canções...e depois pessoalmente por amigo de Rosario...
Abraço Fraterno
Marcelo Martins

5:16 p.m.  

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